As luzes passam, os carros passam, a cidade se desenrola na janela
e meus pensamentos voam engolidos por ela.
O movimento é que dá vida ao concreto;
os dois juntos é que me avivam as ideias.
Ideias que passam rapidas demais, que me escapam em forma de palavra
e as quais vejo formar poesia no emaranhado da ventania;
sempre por detrás do vidro dessa janela que me separa do mundo;
Sempre por detrás dessa face que separa o mundo de mim;
sempre por detrás desses sentidos enclausurados nessas células
e nervos
e entranhas
e vísceras
que conectam e tangem minhalma e a realidade.
E aqui, nesse pedaço de energia massificada, andante, navegante da realidade: flutuo.
Tão só no espaço, tão eu, tão mais um,
tão completamente Tudo no que se estende da eterna expansão do universo
à finita implosão da minha própria humanidade;
eu, ser-em-mim, subordinado a esse corpo orgânico, limitado, fadado à fúria do tempo;
eu, ser-em-si, submetido à infinitude dos meus pensamentos,
condenado à liberdade que me faz integral e unicamente responsável por toda tristeza
e toda alegria que possam me transbordar.
Nós, todos nós: tudo é encontro,
tudo é energia sendo transportada e transferida e compartilhada.
Tudo é interação inevitável entre seis milhões de corpos doados ao mundo por um ínfimo intervalo de tempo.
(Cambaleei novamente naquela velha corda bamba de amores exaltados e sentimentos frageis e, por fim, arrebentei-me por completo. Cansada, no meio da multidão, reencontrei minha pequenez e me recompuz. E, no meio da vida, à mercê de suas inconstancias, senti novamente a beleza de ser leve. A beleza de deixar ser e de deixar descarregar-de-si todo peso que trazem os pensamentos e as vaidades - ainda que o desapego completo me pareça intangível).
e meus pensamentos voam engolidos por ela.
O movimento é que dá vida ao concreto;
os dois juntos é que me avivam as ideias.
Ideias que passam rapidas demais, que me escapam em forma de palavra
e as quais vejo formar poesia no emaranhado da ventania;
sempre por detrás do vidro dessa janela que me separa do mundo;
Sempre por detrás dessa face que separa o mundo de mim;
sempre por detrás desses sentidos enclausurados nessas células
e nervos
e entranhas
e vísceras
que conectam e tangem minhalma e a realidade.
E aqui, nesse pedaço de energia massificada, andante, navegante da realidade: flutuo.
Tão só no espaço, tão eu, tão mais um,
tão completamente Tudo no que se estende da eterna expansão do universo
à finita implosão da minha própria humanidade;
eu, ser-em-mim, subordinado a esse corpo orgânico, limitado, fadado à fúria do tempo;
eu, ser-em-si, submetido à infinitude dos meus pensamentos,
condenado à liberdade que me faz integral e unicamente responsável por toda tristeza
e toda alegria que possam me transbordar.
Nós, todos nós: tudo é encontro,
tudo é energia sendo transportada e transferida e compartilhada.
Tudo é interação inevitável entre seis milhões de corpos doados ao mundo por um ínfimo intervalo de tempo.
(Cambaleei novamente naquela velha corda bamba de amores exaltados e sentimentos frageis e, por fim, arrebentei-me por completo. Cansada, no meio da multidão, reencontrei minha pequenez e me recompuz. E, no meio da vida, à mercê de suas inconstancias, senti novamente a beleza de ser leve. A beleza de deixar ser e de deixar descarregar-de-si todo peso que trazem os pensamentos e as vaidades - ainda que o desapego completo me pareça intangível).
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