segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sei não...

As luzes passam, os carros passam, a cidade se desenrola na janela 
e meus pensamentos voam engolidos por ela.
O movimento é que dá vida ao concreto; 
os dois juntos é que me avivam as ideias.
Ideias que passam rapidas demais, que me escapam em forma de palavra 
e as quais vejo formar poesia no emaranhado da ventania; 
sempre por detrás do vidro dessa janela que me separa do mundo; 
Sempre por detrás dessa face que separa o mundo de mim; 
sempre por detrás desses sentidos enclausurados nessas células 
e nervos 
e entranhas 
e vísceras 
que conectam e tangem minhalma e a realidade. 
E aqui, nesse pedaço de energia massificada, andante, navegante da realidade: flutuo. 
Tão só no espaço, tão eu, tão mais um, 
tão completamente Tudo no que se estende da eterna expansão do universo 
à finita implosão da minha própria humanidade; 
eu, ser-em-mim, subordinado a esse corpo orgânico, limitado, fadado à fúria do tempo; 
eu, ser-em-si, submetido à infinitude dos meus pensamentos, 
condenado à liberdade que me faz integral e unicamente responsável por toda tristeza 
e toda alegria que possam me transbordar.


Nós, todos nós: tudo é encontro, 
tudo é energia sendo transportada e transferida e compartilhada. 
Tudo é interação inevitável entre seis milhões de corpos doados ao mundo por um ínfimo intervalo de tempo.






(Cambaleei novamente naquela velha corda bamba de amores exaltados e sentimentos frageis e, por fim, arrebentei-me por completo. Cansada, no meio da multidão, reencontrei minha pequenez e me recompuz. E, no meio da vida, à mercê de suas inconstancias, senti novamente a beleza de ser leve. A beleza de deixar ser e de deixar descarregar-de-si todo peso que trazem os pensamentos e as vaidades - ainda que o desapego completo me pareça intangível).

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