terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Exercício Um de fundamentos da linguagem; mapa conceitual de si



(a linha tênue entre as coisas.)

Quem eu sou?

Certamente um pouco dessa pergunta eu hei de ser. Um pouco do balbucio e do hesitar diante dela também e, muitíssimo, inclusive!

Sou a intenção de cada ação que emano. O timbre que veste isso que me é e que permeia meu diálogo com o mundo. Sou o tom alheio quando falo de mim e o tom íntimo dos meus pensamentos. Sou voz inefável do coração. Quiçá ele teria… quiçá, a resposta!

Hmmm… Quem… ?

Eu sou minha mãe e os quadros que ela pintava, as cartas de tarot, os banhos de lavanda. Sou meu pai, a Passagem das Pedras, a casinha na árvore, as mudinhas de planta, as peças de teatro nos fins de semana. Eu sou os forrós pé de serra do meu pai,

e as partidas constantes de minha mãe.

Eu sou a fazenda do meu avô, o pé de tamarindo centenário do quintal. Eu sou o cajueiro de Carolina, sou os azulejos da velha casa de Carolina. Eu sou a balsa que atravessa o rio Tocantis. Sou as ondinhas e a correnteza do rio. A curiosidade de querer alcançar, de olhos cravados, o opaco aparente e oscilante que me eram as águas que justificavam a travessia.

Eu, de carne, pele e osso sou opaco aparente para uns; fluidez iminente para outros. Eu sou aquilo que quero expressar, muito embora também seja o que silencio. Sou o que digo com facilidade e o que reengulo seco. Sou todinha temores, feridas e resquícios. Enquanto sou o que digo, e o que escuto e o que transforma. Meus quereres e enganos; Eu sou minha percepção todinha, pois ela toda em mim se inspirou.

Eu sou gana e timidez;

Sou sede.

Eu sou a energia reciclada dos meus antepassados. Eu sou a vibração de tudo que é vivo e vive no mundo. Eu sou um pouco o pó das estrelas, música e primata. Eu sou peça da engrenagem, natureza e lei áurea. Cajá, caju, sírio-libanês; minhas quedas e consequentes cicatrizes;

curiosidade.

Eu sou meu amor pelo Castellano, pois dele não sou especialista mas bem sei entender a beleza de suas literaturas e vozes. A Lingua Inglesa também me veste em parte. A Portuguesa me veste inteira.

Os livros das horas vagas, as preguiças dos dias inteiros.

Um desejo latente. De fato.

Sou o “Sei lá” que em geral enrola minha língua em resposta aos caracóis das idéias inconcluídas. Sou a estatueta de Fernando Pessoa na mesa do professor:

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

O Fio desmedido da meada



Acho que viver encontra legitimidade no amor; Amar é tipo o cerne da coisa toda, isso que chamam e fé, essa gratidão profunda. Gratidão pelo habitar, pelo corpo; amor pela fonte da qual, sem ela

…)

Olha, pensando melhor, acho que amar encontra legitimidade no viver. No viver humano, é claro, que lhe atribui conceito e linguagem.

Pois bem;
Viver é como um amor profundo. Pela existência, sei lá. Combustível que faz a liga fundamental entre o absurdo e a substância nutritiva que fomenta os ofícios… Amor orgânico mesmo: Tem cheiro de extinto. Cheiro selvagem, suponho.

De alguma forma acho que o planeta terra quando nos é apresentado, no primeiro vislumbre, flui pra dentro de nós e faz assim vibrar nossas águas. Ou melhor, Ele já éstá dentro de nós. Ele nos é dentro de nós antes mesmo de qualquer presunção.

Nossa condição existente vem do chão. Pó minado de estrelas.

Místico pra mim é a interação invisível com a natureza; Mística interação através do eterno presente que tudo é, na verdade., e apesar do Tempo que é conceito e ciclos, que é vida, morte e memória simultaneamente. Vida e morte, por quê matéria orgânica. Memória, por quê perceptivel, sensível e humano. Tudo, veja bem, tão naturalmente entrelaçado!

As coisas tem um percurso, um germinar, um desenvolver.

Quando construímos, transformamos, transfazemos. O diálogo deixa vestígios fractaiss. E viver é dialogar com a natureza; ser político é interagir com nosso redor. A cultura é a natureza da mente humana, cheia de faunas e floras, germinares; Diálogo mor de tudo com tudo; interdependência, unicidade.

(A História nos conta o processo mutável de como o ser humano foi transformando sua forma de lidar consigo mesmo, em grupo e sob o chão da nossa Terra.)

Quando eu olho pra natureza eu vejo: o amor nasce nessa condição de pertencer, na gratidão natural de estar vivo. Paixão entre espelhos. Gratidão pelo ancestral, pois, sem este, nós não.

Imagina o primeiro homem do mundo.

No meio do silêncio, à merce de sua própria estranheza.

O que há de ser do que pensa que é?

Aliás, Como pensa? Sem as âncoras dos habitos, dos costumes e dos dicionários? Acontece que homem não é só corpo, nem sózinho,

homem precisa da diferença pra se conhecer; de troca verbal pra construir; homem precisa mover conscientemente.

Pois bem, foi no germinar dos tempos que vi:

Um ser Humano só e, ele, de si não sabia quase nada. Andarilho, não obstante, uma hora ou outra encontra companhia, então, em par, se postam contemplando as planuras de uma árvore. Eles parecem se entender através de embates auditivos e gestuais; talvez não alcancem do outro, o coração, mas que constroem algo juntos, constroem. E a árvore e suas planuras e sua sombra, e a brisa por debaixo de sua sombra, os cantos passarinhais de seus galhos, o som do movimento de suas folhas e até quiçá! um fruto digno de saboreio ao pé na beira do chão: tudo, tudo tem a ver com esse momento.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Esse negócio de Ser? Só sendo mesmo pra saber

Qualquer coisa que pareça fabulosa!
Qualquer fagulha que se mostre cruamente incrível!
Qualquer nesga, qualquer aresta, qualquer vazio.

Eu procurei botar lentes na frente dos olhos, e quando as objetivas me faltaram, apelei pras divergentes.
Busquei colocar anteparos antes das minhas próprias retinas,
para que, então, o mundo visse o que eu via.
Para que o tom ofegante que tomam as coisas novas, brotasse múltiplo
córnea , sódio e potássio adentro.
Da retina, direto ao coração fugissem; e que coração e alma despertassem feito meninice,
numa ciranda de espontaneidade e verdade e beleza.

Que todos os conceitos acerca das coisas todas enfim voltassem ao ponto de partida; retornassem ao ponto essencial,
à tangente da pureza de Ser e Estar e filtrar o mundo com naturalidade! E nascer e existir e entender a liberdade de rechear a existência com as coisas que nos soam reais e leves!

Pois desde cedo me ficaram resquícios daqueles tantos filmes de donzelas e dragões; Me fizeram acreditar que era isso, afinal, esse tal de amor! Esse ir e vir de inteções.
Vivendo mais as expectativas do que as coisas reais, em si.
Mais os medos das solidões profundas e as necessidades carentes de afago.

Muitos brincam de falar sobre a raridade de amar e, sem saberem, já foram detentos de sentimentos que constroem o amor nas suas múltiplas formas;
Outros infelizes morrem de medo. Acabam por se debater dolorosamente uma, duas, três, várias vezes nas paredes confusas dos confins da auto proteção.

Estes e tantos outros frustram-se no choque do amor verdadeiro, ainda impregnados da cultura de tudo regrar, tudo entender, conceituar! Não aprendemos a distinguir as espontaneidades afetivas daquilo que desde cedo assimilamos midiaticamente como amor.
Não aprendemos a espontaneidade, ou a clareza, ou a liberdade.

(Todos os meios de comunicação bombardeiam ideais de relacionamentos como se o amor fosse algo meritocrático e talvez um pouco cartesiano. Pacotes conceituais em forma de catarse em filmes, trilhas e cenas. Em forma de desejos de consumo, necessidade de possuir a metade da laranja que te leve flores músicas e passarinhos no mês sexto de compromisso.)

O Ser Humano é aquilo que sente,
o ser é instinto e é ilegível!.Fruto cultural interativo social orgânico e celeste;,

O ser é cognição pura que tanto tenta conciliar todas as raízes múltiplas que o preenchem; todos esses aspectos das mais diversas naturezas. Os instinstos, os direitos, os deveres, a moral, a ética e o impulso. Em prol do que? Sei lá!, de amar, da satisfação, da endorfina, da adrenalina, de sorrir, de parecer, de apaixonar-se, de assimilar o mundo confortavelmente. De Felicidade (e esta também se encontra no dicionário e na ponta da pretensiosa e imensa língua do senso comum.)!


- Sem contar a natureza doida destes questionamentos, bastasse a minha imensa metalinguagem-prosa ao refletir sobre cultura & ser através de um dos elos mais antigos e eficientes e intrínsecos entre os dois: a línguagem.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

sobre meu mundo caricato, torto e lindo





Hoje eu sorri pela primeira vez para a menina do brechó. Ela sorriu em simultâneo enquanto abríamos os cadeados, ela de lá, eu de cá, a comecinho de expediente. A papelaria vizinha já a mil, tão estaticamente a mil. A vendedora sentada em meio a pilhas de papel chamex, durex e porta-docs exibia seus olhos fundos das seis da manhã. Eram nove e um pouquinho, meus olhos eram das oito e filmavam curiosos.

Os secadores de cabelo sopravam graves, as tesouras e línguas afiadas das cabeleireiras salpicavam em murmúrios incessantes. Era dia de quinta-feira e o centro de diversões sul, banhado de sol, mostrava suas entranhas, enxugando e secando as lágrimas, os detritos e os segredos da noite anterior.

Almodóvar, eu diria. A menina da loja de roupas usadas veio de um filme de Almodóvar. Habita o rosto, as roupas e a postura uma expressão distinta, coisa de louco, ator louco, diretor louco, gente louca criativa que vê beleza nos traços mais curiosos. Acontece que! ela era real, a par da velhice das roupas e da desordem dos produtos empilhados da papelaria. Acontece que criatividade não era de enredo, ou cênica, era simples da combinação gênica do pai e da mãe que desaguou naqueles olhos cerrados por pálpebras enormes. E naquele queixo quase ausente. Minha porta que a enquadra do outro lado do corredor, atrás de mais um balcão é somente e bastante uma porta. Não é tela, nem pixel, tampouco anteparo. E as roupas nas araras, verossímeis. E o cansaço do trabalho estampado em olheiras, à prova d'água.

Nem meu olhos, nem meu encanto eram película e trilha sonora. Ou fotografia, o agudo obtuso do meu ponto de vista enquadrado nos ares caricatos daquele comércio.

Tudo tão tão tão puro e somente real que merecia filme. Aquele centro. As entranhas das cidades. Centro de diversões! Diversões, vá dizer!, dessas que ninguém quer ver. Que reviram os olhos. Que polemizam na TV. Das que extrapolam pudores, das que todo mundo guarda em instinto. Diversões. Tortas e bastante tristemente, mazeladas; Se formam no tempo e no absurdo descontrolado de tudo que é urbano, humano; De tudo que prolifera, que amarela e adoece. Que tem cheiro de gente, que tem saliva e língua e fome. De tudo que se perde o controle. De tudo que contrasta e sobrevive. Só mais uma face de tudo que, economica e politicamente não importa pros grandes marioneteiros das gentes, esses inescrupulosos.



A beleza que vi era isso tudo que não tem jeito. Era a desordem natural das coisas. Sempre em algum canto e aresta de mundo enquanto houver mundo e enquanto houver gente. Isso que tem a luz de tudo que é real e torto quando orgânico, esbugalhado quando olhar, esguio quando agudo, e triste quanto pode. Faminto quando vazio, sedento quando ausente e assimétrico quando sempre.


Tudo que tem a luz de existir
luz linda e apressada louca luz de existir

domingo, 3 de junho de 2012

amar muito, se

"
Eu poderia amar aquele homem. Amar muito.

Era assim toda vez que o via. Bastava que ele chegasse e fizesse o que tivesse que fazer, logo flagrava a mim mesma fotografando todos os seus trejeitos e dicções. Repetindo, em silêncio, a imensidão do amor que eu poderia jurá-lo.

Momentos depois, no vislumbre de seus retratos da mocidade; no revelar de seus ideais, de suas poesias e de seus gostos; de seus gestos e desgostos que a vida projetara. Depois de tanto, depois de tudo, ele ainda me permitia vê-lo ali, de pé, sem dar-se conta ao menos da concessão de sua presença que apenas eu, agradecida, valorava como ninguém - imersa em meu amor potencial.

Já não tão atraente esse homem, veja bem. Ser orgânico é ser temporal. E eu poderia amá-lo muito, e mais, por isso. 

Principalmente, vos digo, o amaria pelo broche que carrega no peito. Por todos os livros que ele lera. Pelos versos que sei que ele esboça muito bem. E pela barba volumosa, e pela irreverência. 

Pelo entrar por aquela porta, pelas líricas intersecções,

falo sério, e com fervor,

eu poderia muito amar aquele homem.
"
e olhou pros próprios lábios como se fossem os primeiros
ou últimos.
esticou-os, sorriu, lambeu-os:
o quão molengas podem ser? quão orgânicos?
e beijáveis? desejou alguém que os desejasse.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

meu menino homem lindo no mundo


      Eu gosto de você assim Cru. Despenteado, cheirando a gente, de postura caseira e olhos febris.
Eu gosto de ti assim demais; ofego, suor. De caras e bocas que não ousa mostrar pra ninguém além do espelho. Gosto de ti humano com o que tens por detrás aí dessa tua pele que te tanto preocupa.


      Gosto de ti descalço, nu. Desse jeito despojado que te portas diante de mim. Estirado na cama, íntimo.
Entrelaçado e choroso. Gosto do olhar de saudade que sai dos teus afiados lindos olhos negros que agem cortantes por onde passam; e desse teu sexo que reflete, na força, o encanto imenso que guarda e contém comprimido, quase a transbordar, pra não perder a seriedade.
     
     Tem problema não. Não mais, não para mim e não agora.
      Agora te gosto assim rídículo e mais lindo do que nunca. pois de alma despida Te gosto na sua despretensão, quando te basta o chinelo e a brancura neutra de uma camiseta qualquer. Corpo quando, nu, me atiça o tato; na sinceridade do aperto dos teus braços; na crueza desse teu afeto orgulhoso e na dureza de tua vaidade amolecida por alguma coisa que vê nos meus olhos. Algo que se deixa filtrar.

      Te amo no calar da percepção que exprime quando me olha fundo - da qual tenho conhecimento apenas pela forma como repousa o olhar no meu. E na cara de perplexidade que te veste quando isso acontece e eu finjo não notar sua atenção posta nos meus trejeitos que teimo evidenciar. Por charme, por vaidade minha. Por mulher.

     Pois venha, por fim, por nós. Pega esse chinelo, as chaves do carro e deita do meu lado. Pois de saudade só me resta o reencontro... Nem que te vás depois, ou seja la como te apetecer o orgulho. Mas antes fica.
   
      Fica e te escancara de vez que é nesse homem que vejo beleza. É desse homem sincero e completo e corajoso, que de anteparo pros olhos deixa apenas algum pranto sincero. Que, de mãos soltas, dança diante de mim.. Mãos tranquilas e isentas do pudor de tapar os olhos, de esconder a alma que tem sede de falar. Dona de uma boca que não fala, no entanto.
      Por isso eu digo, e repito!
      Despenteia esse cabelo, larga esse riso exprimido e delira com os dentes todos à mostra. Queira. E deixe ser. Te sejas suave, te percas na beleza de ser cru e compartilha....

Depois te vás, como bem quiser, veja bem.
De óculos escuros e sentimento lacrado no fundo do peito, se assim lhe confortar,
Tudo bem, no fluxo natural das coisas, tem um sempre um lindo sol para que teus olhos detenham negros e oblíquos... Puts,
tu me mexe inteira