quarta-feira, 6 de julho de 2011

SEI LÁ !

diz:
 parei
 nao tenho tempo pra nada
 to trabalhando de dia, de noite e de madrugada
 me falta lembrar como é que é amar
 me esqueci
 de verdade.
 vou dormir, pirar
 beijo, boa noite
 saudade de quando eu amava você.


Vai... vá logo dormir. Eu rezei, pensei, pedi, implorei. Mas daí você continuou ali por longos segundos... e, sabe, eu queria dizer sobre todas as coisas do mundo, todos os segredos; até aqueles, os quais eram inúmeros e maioria, que eu não sabia. Queria injetar em ti toda poesia que me fosse permitida; aqui, toma, todo amor existente no mundo taqui, só é preciso girar esse mecanismo três vezes, ora pra esquerda, ora pra direita. Mas BLÁ, era óbvio que eu não podia. Minha compaixão foi insuficiente, me entorpeceu o raciocínio. E, de repente, eu cansei ! Cansei das mesmas palavras e dessas mesmas sensações, cansei de ter que externá-las assim, próclise, mesóclie.. Ênclise??? Que diabos de ênclise? Veio a mim a consciência de que nada disso poderia ser feito daqui praí; até poderia te falar dos meus dias de andar por essas ruas inevitáveis; até poderia te descrever a beleza rotireira do simples acordar, meio que sem vontade, meio que me arrastando. Mas isso não viria de mim, jamais poderia, vê? Vem de você. A beleza vem de quem vê. E, pela humanidade que ainda te habita, tudo quanto é coisa que te cerca te presenteou desde o dia em que nasceu com a poesia inevitável de

De Ser.

Pois, involuntáriamente, meu amigo, você acaba de fazer poesia num metalinguístico desabafo.

E EU, num meta, para, ortalinguístico desabafo, tentando não o ser, tentando transformar o que quer que seja, tentando negar o que quer me que ocorra, tentando VER,
QUERO VER
o que há fora, e dentro de mim. O que há por trás, quero viver das verdades que me são apresentadas, mas que da minha carcaça pra dentro simplesmente se modificam. São ofuscadas.
Me mostre o que há!!!

E nada há, that's the real one
é tudo tão mutável, porque diabos criaram o verbo Ser?
Pra gente brincar de dizer no menor tempo possível?
"EU SOU"
pronto, passou.


(e isso é bonito... a sua saudade é bonita; lembra que os parnasianos já fizeram poesias com vasos sintéticos; lembra que os ultraromânticos já cantaram a morte, o pessimismo, a necrofilia; que os modernistas, subversivos ou nem tanto, sem nem precisarem de muitos destrinches, versaram o cotidiano. Lembra que as vísceras foram sempre motivo prum verso; que as saudades, os amores, as flores, o sol, o asfalto, o jornal, a cerveja e as ausências, também. Quanto à vodka, longe dos excessos, poesia etílica pura, vai por mim. 

Um comentário:

  1. vou por você, manu... meio de fuga do que arranca sangue em leves arranhõezinhos no dia a dia...
    manuuu, cade você pra viajar comigo sobre a existência e sobre ser!!! hahahahaha

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