terça-feira, 21 de junho de 2011

Beleza.



Dessas flores tão cores e belas, roubar-lhe a graça, por quê não? 
Se quando no negro desse cinza que me foi deixada a mais sincera beleza? 
Diga-me, alguém! 
O limiar do que é belo, do que é feio, 
me diz se no universo dessa arte é possível! 
Até onde, coração, ou até quando 
me é permitido a essência ser suficiente. 
Se subversiva, ela valora. 
Se diferente, se singular, se excêntrica. 
Se simplesmente orgânica e nua. 

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Luz


Você não gosta de dia, é? Foi o que eu repeti consumido por uma espécie de raiva mesquinha, um nojinho, alguma repulsa assim de ti, que me afastava e me fazia pensar coisas terríveis. A sua última frase dirigida a mim, bem, tinha sido isso "eu não gosto de dia" e eu respondi para os meus botões que sim, eu gostava de dia.

Pois de fato eu gosto de dia. Gosto da noite também mas, certeza, penso melhor à luz do dia. It's when the nature shows itself better, babe, não que não haja vida à noite, mas é à luz do dia que meus olhos, sem esforço, naturalmente a veem, a vida. A vida noturna tem lá sua beleza, admito, gosto, aprecio. A vida noturna suburbana é luz. É artíficie, tecnologia, led, elétrons, fótons, vai saber. Sei que brilha. Luz aritificial criada para nos mostrar o que naturalmente não veríamos a não ser em lua cheia. Por vezes penso que criou-se o ser humano simplesmente para isso: fazer luz. Lâmpada, abajur, poste, lamparina. Só pro ser humano negar a escuridão, só pra reafirmar que sim, ele enxerga, ofusca a luz das estrelas, mas enxerga. Enxerga e estende seu tempo útil de produção para alem de doze horas de luz solar, para além da limitação geográfica e lá vai pedrada, e esse homem, humano, flutua e, num mar de luz, onde nem mesmo as estrelas mais se aparecem, seu corpo cansa e finalmente, escuridão completa, sucumbe ao inerente cansaço físico. Escuridão sim, Que é quando se fecham os olhos.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

De quando da lascívia fiz intensidade e da sexualidade forjei amor.

Minhas mãos cheiram a sexo. 
Sim, entorpecidas, rígidas e rápidas, escrevem & denunciam a libido recém atiçada.
Pecado recém cometido.

De que adianta pudor se tem-se mãos e vontades?
Se tem-se pele querendo fundir noutra?
Não há tecido que aguente, nem mão que se segure.

Fazia crepúsculo lá fora, fazia degradê no céu

(Em busca de ordenar as minhas próprias cores confusas,
fosse em degradê, fosse em arco-íris,
Respirei o ar fresco daquele azul céu que virava ouro naquilo
que chamam de atmosfera naquele
conjunto de gases que chamam de ar e que
preenchem os espaços vazios entre os edifícios,
e dentro dos meus pulmões,
e entre o meu olhar, meu ser & o resto.
Me fazia toda cor diante de tal;
toda cor, emaranhado, fusão, calor imenso)

Pus-me na varanda na esperança de equilíbrio qualquer
pus-me querendo pilares mais palpáveis que os que me aguardavam porta adentro
pus-me na varanda em busca de consistência quase a me fundir com o chão que se mostrava finito-concreto lá embaixo,
pois vertigem poderia assim tornar meu nome, já que era tudo o que me completava
e tudo do qual procurava refúgio;
Vertigem.
Era o que me tirava do corpo, e não fosse o cheiro ocre da lascívia assim insistente,
não fosse a adrenalina a ainda acelerar-me a pulsação, a tremer-me os dedos & ousadas mãos,
talvez vertigem inteira tornar-me-ia finalmente.

Mas hoje eu
não quero cantar a frieza do mármore do parapeito
nem a rapidez com que meu calor fluía pro teu corpo
nem como, perdida, procurava reparar todos os erros
todos os enganos 
E como minha alma mulher ansiava tuas intensidades
Vamos fazer tranças com as nossas vísceras, eu diria
e forjaria na diluição do teu corpo junto ao meu
a intensidade que eu queria ver
mas que não havia.