sexta-feira, 23 de setembro de 2011

me devolve esse sorriso ?


É que naquele ato de graça mór nossa sincronia se fez audível em forma de humor compartilhado;
ela deu um riso de uma raíz tão profunda e audaz que da minha boca todo o meu foi roubado. 
Furtiva e risonha ela flui pra fora de si, desaguou orgânica na própria pele e o ato se concretizou: cada milímetro de contração muscular no qual eu pudesse esboçar um sorriso fez-se ausente. 
Volátil, inodoro.
Ela sorriu por mim, eis o que sucedeu.
E eu, de olhos preguiçosos tragados por aquele sorriso duplo, não clamei para que me devolvesse… deixei que partezinha de mim continuasse pertencendo a ela; gozo esboçado em lábios alheios e esticados, dentes e partezinha da alma escancarados.
Encantei-me, permaneci.

Olhos estáticos. Corpo esquecido. Algum resquício de graça forçando o canto da boca entreaberta. Nada de riso. Os olhos talvez sorrissem, e muito, enquanto viam oscilar nas sinapses contrativas daquele tecido muscular o meu sorriso roubado atado ao dela, 

meio mágico. É... meio sufocante e mágico.

Retomei meu chão ou parte dele. Meu lábios colados nos dela dançavam contorcidos de humor;
Retomei algo a mais, uma lucidez suficiente para que uma ideia desabrochasse e me preenchesse,
foi inundando,
foi passando, o tempo, esse tempo...
e ideia tal que a mente teimou parasitar, ficou, sem findar, e cresceu:
Como daquele sorriso retomar posse
(ecoava, pretensiosa)
se um beijo eu NÃO roubar? 
(instigava, querendo ser)
pois bem .

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