sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

lígia


Era noite de um feriado anunciado e eu não parava de escutar uma composição linda chamada Lígia, de Tom Jobim. Um Jazz impecável, ou seria Bossa? Uma músia, de qualquer forma, cujo vocal era interpretado pela recém chegada em minha vida, Rosa Passos. Eu não tinha pretensões, estava inebriada num daqueles vícios instantâneos que chegam no primeiro ouvir de uma nota, sabe? Sendo assim, O que fazer? Escutá-la, pois!; enquanto ainda me fosse encanto imenso - e ainda é. 

Gostaria de admitir que , aquele momento, queria que ele fosse poético. Beem, poético. Queria forjar poesias com a essência dele. Digo, aquela cena da minha pessoa sentada na escrivaninha com os fones imensos de ouvido querendo me diluir nalgum lugar que não fosse mais eu...

O seu nome
eu não sei
Esqueci no piano
as bobagens de amor...

E num desejo grande de que essa minha confissão me fosse útil, ou lhes acrescentasse algo, forjei cenas e filmes inteiros. Posso dizer, sim, lhes confesso que no fundo da minha taça de vinho modelada em cerâmica meus anos de meninice me foram anulados e ficou apenas aquele ar etílico das coisas perdidas. E eu almejava poesia nisso tudo, almejava beleza em meu pranto mimado, apegado e cego. Mas nada fora útil, e não altera-lhes a cognição muito menos. Sei que eu choraaava. E bebia vinho numa caneca enquanto chorava e lia um livro de amor e continuava com aquela música, cíclica... Enquanto se fazia madrugada e eu desejava ser um ato ritimado e digno de ilíadas, mas não era. E eu continuava achando lindo e desejando que fosse lírico, que fosse filme, que fosse arte. E não era, e não foi, só eu vi. Era a vida, e eu chorava e achava lindo, lindo lindo....

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